Havia cogitado a idéia de fazer um diário antes,
mas a preguiça e tarefas cotidianas me impediram de
faze-lo em outra ocasião.
Não sei bem se chamaria este espaço de um diário.
Não quero colocar nada pessoal e nem faze-lo meu
companheiro e confidente.
Deus já ocupa este cargo.
Ao invés disto, quero ter um local onde eu possa
armazenar idéias, insights, discorrer sobre
princípios.
Pra começar, o meu nome não tem importância. Porque
idealizadores morrem, mas as suas idéias, são
imortais.
Eu sei quem eu sou. E sei bem o que eu quero.
Eu sou um 'clown'.
E como qualquer 'clown' de qualquer teatro ou circo,
eu conto histórias.
Sou um narrador.
Um amigo conselheiro que leva as histórias das
pessoas adiante, fazendo-as serem lembradas pelo
que são e pelo que sonham em ser.
Sim, porque todas as pessoas que nos circundam,
sejam simples aos nossos olhos, irrelevantes,
especiais, marcantes ou de toda a sorte de relação
que o juízo de cada um concede a cada indivíduo que
o rodeia,
Tem uma história fantástica.
Algumas mais fascinantes do que outras, dependendo
do julgamento de quem as ouve.
Mas são histórias! Em toda sua complexidade,
desdobramentos e desfechos.
E eu amo histórias.
As utilizo para consientizar as pessoas, para as
emocionar, fazer rir ou chorar, faze-las pensar.
E muitos são os que me procuram. Muitos são os que
dependem de mim. E eu os oriento, dentro daquilo
que aprendo com as histórias.
Mas existe algo que me entristece profundamente.
Como um 'clown', posso parecer ter a importância que
for para aqueles que me procuram. Mas nunca
deixarei de ser uma personagem secundária em suas
histórias.
Servindo apenas de narrador.
Assumindo o papel de um guru.
Isto se deve pelo fato de que eu atuo de
maneira que minha presença não é sentida.
Mas minha ausência é notada.
Todo mundo precisa de atenção. De alguem que escute
as histórias que elas escrevem diariamente.
E eu sou esse alguem.
Num mundo onde todos querem falar e serem ouvidos
ao mesmo tempo, sem se dar ao fardo de escutar
o que a pessoa para quem falam tem a falar,
eu me faço ouvido-mudo.
Satisfaço as pessoas, porque as dou a tão cobiçada
atenção. Dou importância a cada história, como sendo
tão ou mais necessária que o ar que nos rodeia.
O problema, cujo qual produz em mim crescente
tristeza, é que as pessoas não sabem.
Mas o 'clown' também tem uma história.
E se ele dá toda atenção, qual atenção sobrará para
ele? E quem contará a sua história?
Poderia ser ele mesmo, já que está acostumado a
contá-las? Se sim, haveria espaço no coração e no
tempo de alguem para escuta-la?
Se eu devo contar a minha história, caso alguem
precise e queira escutar, não quero conta-la
sozinho.
Não posso.
Não posso simplesmente porque não sou apenas eu
quem a escrevo.
E se eu vou compartilhar algo que pertence a duas
pesoas, então as duas devem compartilhar juntas.
Então, daqui em diante, seguiremos contando.
A história de um narrador.
A história de um 'clown', e da sua caminhada com
alguem que o ensinou a amar e a contar histórias.
Eu almejo essa atenção, tanto quanto qualquer um,
embora não a mereça. Você estaria disposto a
conceder um pouco da sua a mim? Seria você um mero
forçoso ouvinte, ou seria também um 'clown', como
eu?
adorei ... continue escrevendo beijos clarinha
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